Militares desembarcaram no aeroporto de Ilhéus na última terça-feira (12).
Soldados aguardavam autorização para iniciar ações de reforço na região.
A presidente Dilma Rousseff assinou o decreto que autoriza o Exército
a atuar na região de Buerarema, no sul da Bahia, onde produtores rurais
e índios estão em conflito por causa da disputa de terras. Nesta
sexta-feira (14), o Exército está reunido para definir as estratégias de
trabalho. O decreto foi assinado na noite de quinta-feira (13).
Cerca de 700 soldados desembarcaram essa semana na região e
aguardavam a assinatura do decreto para começar as ações de reforço de
segurança, que já está sendo feita por homens da Força Nacional. Ainda
na manhã desta sexta, a Polícia Rodoviária Federal informou que também
deslocou mais homens para área de conflito. Eles vão atuar evitando o
bloqueio das rodovias.
Reforço
Os militares do Exército desembarcaram no aeroporto Jorge Amado, em
Ilhéus, no sul da Bahia, na última quarta-feira (12), para reforçar a
segurança da região após o conflito entre agricultores e indígenas ter
ficado mais intenso com o protesto na BR-101.
A ação durou quase 15 horas, quando os manifestantes deixaram a
rodovia e seguiram para o município. No entanto, de acordo com a Polícia
Rodoviária Federal, a pista só foi liberada na quarta-feira, após uma
limpeza e uma varredura, por conta dos objetos queimados durante todo o
dia na manifestação. O motivo da mobilização foi a morte do
ex-agricultor Juraci dos Santos Santana, 44 anos, na segunda-feira (10).
Segundo eles, quatro homens armados invadiram a residência e dispararam
vários tiros contra a vítima.
Os militares do Exército que chegaram na quarta-feira se reuniram
durante a tarde, na sede da Polícia Federal, em Ilhéus, para discutir o
esquema de segurança. De lá, a tropa seguirá para a cidade de Buerarema
para garantir a segurança durante o velório do ex-agricultor, quando são
esperados mais protestos. Ninguém foi preso, mas a PF afirma que
identificou alguns suspeitos da depredação.
Governador comenta
O governador da Bahia, Jaques Wagner, informou em entrevista na
quarta-feira (12) que conversou com o ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, com a direção do Ministério da Defesa e com a Presidente Dilma
Rousseff sobre a situação na região.
"Cada um tem suas convicções, têm o direito de defender aquilo que
acredita que é o seu direito. Agora, não pode fazer isso à margem da
lei. Nem assassinando, como aconteceu com aquele produtor rural, e nós
estamos na investigação, nem querendo depredar o patrimônio público,
quebrando uma ponte de uma estrada tão importante quanto a BR-101",
disse o governador durante cerimônia de inauguração do complexo policial
de Feira de Santana, a 100 km de Salvador.
O governador enviou na quarta-feira um documento solicitando a
aplicação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para as regiões em que
acontecem conflitos de terra entre índigenas e produtores rurais. Wagner
pediu atenção especial às cidades de Buerarema e Una.
Wagner também comentou que se dirigiu ao gabinete de Joaquim Barbosa,
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), e que é necessário que a
Corte crie uma "normativa pacificadora" para a região. "O conflito
existe e ele só vai ser terminado com uma sentença do maior terminal do
Brasil, que é o Supremo Tribunal Federal. Enquanto isso não acontece,
nós temos que ter um pacto de convivência", disse.
Fonte: G1, com informações da TV Santa Cruz