quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Raquel Dodge pede ao STF abertura de mais cinco inquéritos para investigar Temer

Por Mariana Oliveira, TV Globo — Brasília
 

O presidente Michel Temer — Foto: Pilar Olivares/ReutersO presidente Michel Temer — Foto: Pilar Olivares/Reuters
O presidente Michel Temer — Foto: Pilar Olivares/Reuters
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu nesta quarta-feira (19) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de mais cinco inquéritos para investigar o presidente Michel Temer.
Também nesta quarta, Raquel Dodge denunciou Temer pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro na edição do chamado decreto dos portos. O presidente nega irregularidades.
Esta é a terceira vez que o presidente é denunciado pelo Ministério Público Federal – caberá à Câmara autorizar a Justiça a analisar o caso. Nas outras duas denúncias, os deputados barraram as investigações, e os processos só serão retomados quando Temer deixar a Presidência.
Raquel Dodge quer que, no dia 1º de janeiro, quando Temer deixar o Planalto, as investigações sobre o presidente sejam enviadas a juízes dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.
A procuradora esclareceu que Temer não poderia ser denunciado por alguns desses fatos porque a Constituição proíbe que um presidente resposta por fatos que não se refiram ao mandato.
"Considerando o iminente fim do mandato da autoridade com foro por prerrogativa funcional perante a Corte Maior, requeiro a instauração de inquérito e seu imediato declínio a partir de 1º de janeiro de 2019", pediu Dodge.
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Raquel Dodge denuncia Temer no inquérito dos portos

Os inquéritos

Saiba os inquéritos pedidos pela PGR:
- Suspeita de lavagem de dinheiro supostamente cometido pela filha Maristela em reforma de imóvel em São Paulo. Pede que em 1º de janeiro de 2019 o caso vá para continuidade da apuração para Justiça Federal de São Paulo.
- Suspeitas apontadas pelo delator José Antunes Sobrinho de que houve pagamento de R$ 1,1 milhão, em 2014, solicitados por João Baptista Lima Filho e pelo ministro Moreira Franco, com anuência de Michel Temer. Caso tem relação com o esquema investigado na Eletronuclear e Dodge pede que em 1º de janeiro de 2019 ele vá a Justiça Federal do Rio de Janeiro, que já tem inquéritos em andamento sobre a estatal.
- Suspeita de contratação da Argeplan/Concremat pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, com indícios de serviços não prestados e superfaturamento em contrato avaliado em cerca de R$ 100 milhões de reais. Dodge diz que, como Temer era real proprietário da Argeplan, teria usado o cargo. Pede que em 1º de janeiro de 2019 o caso vá para continuidade da apuração para Justiça Federal de São Paulo.
- Suspeitas narradas pelo delator Flávio Calazans e pela auditoria interna da empresa Pérola S/A sobre suposto contrato fictício com Argpelan de prestação de serviço no valor de R$ 375 mil no porto de Santos. Pede que caso vá para Justiça Federal em Santos a partir de 1º de janeiro de 2019.
- Suspeitas de contrato irregular entre a Argeplan Arquitetura e Engenharia e a empresa Fibria Celulose S/A, com valores em torno de R$ 15,5 milhões, além de relações entre a Construbase Engenharia LTDA e a PDA Projeto e Direção Arquitetônica - foram 58 transações, entre 09/09/2010 a 20/08/2015, envolvendo R$ 17.743.218,01. Pede que em 1º de janeiro de 2019 o caso vá para continuidade da apuração para Justiça Federal de São Paulo.

PF apura se Aécio usava endereços de parentes para esconder documentos 'escusos'

Por Camila Bomfim, TV Globo — Brasília
 


O senador Aécio Neves (PSDB-MG) durante sessão no plenário do Senado — Foto: Jefferson Rudy/Agência SenadoO senador Aécio Neves (PSDB-MG) durante sessão no plenário do Senado — Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) durante sessão no plenário do Senado — Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
A Polícia Federal investiga se endereços de parentes do senador Aécio Neves (PSDB-MG) serviram para a ocultação de documentos "escusos".
Esse foi o motivo que levou às buscas realizadas nesta quinta-feira (20) na segunda fase da Operação Ross, que investiga a compra de apoio político à campanha presidencial de 2014, relatada na delação de executivos da J&F.
A Polícia Federal suspeita que a casa da mãe de Aécio, Inês Maria Tolentino Neves da Cunha, e endereços ligado ao senador e ao primo dele, Frederico Pacheco, tenham sido usados para ocultar documentos.
A suspeita foi reproduzida na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, que autorizou a operação em residências de parentes do senador. A TV Globo teve acesso ao despacho.
Nele, o ministro afirma que a PF diz ter identificado "quatro novos endereços, vinculados ao investigado Aécio Neves, à irmã Andrea Neves e ao primo Frederico Pacheco. Segundo [a PF] aduz, os locais provavelmente são utilizados para a ocultação de documentos".
Na decisão, o ministro descreve que policiais federais receberam denúncias de que esses endereços eram usados "para a guarda de documentos escusos". E que testemunhas viram caixas de documentos sendo levadas para a casa da mãe de Aécio.
“Junta aos autos, à folha 21, relatório de denúncia nº 20181218F, no que revelado por pessoa anônima, no mesmo dia, às 9h56, que uma das secretárias do investigado Aécio Neves e o motorista, de nomes não informados, estiveram no endereço [...] residência da genitora do investigado, Inês Maria Tolentino Neves da Cunha, oportunidade em que teriam subido várias vezes ao apartamento e escondido caixas com documentos no imóvel”, diz o documento.
De acordo com as informações recebidas pela PF, as caixas foram levadas ao apartamento da mãe de Aécio no mesmo dia em que o senador foi alvo de buscas da Operação Ross, na quinta-feira passada.
Segundo a PF, há também a suspeita de endereços em que Andréa Neves supostamente manteria caixas contendo documentos, e buscas nesses locais podem revelar a existência de documentos de interesse das investigações, com o objetivo de esclarecer os fatos em estágio de apuração.

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PF cumpre mandado de busca e apreensão na casa da mãe de Aécio Neves em MG
 — Foto: Editoria de Arte / G1 — Foto: Editoria de Arte / G1
— Foto: Editoria de Arte / G1