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presidente Dilma Rousseff trabalha, por ano, o dobro que os deputados
federais e ganha, por consequência disso, menos que a metade que eles
por dia trabalhado. Apesar de receberem o mesmo salário anual, R$
26.723,13, a chefe do Executivo passa oito meses trabalhando, não tem
férias e não tem o costume de “emendar” os feriados, coisa comum entre
os parlamentares.
Levantamento feito pela reportagem do R7 mostra que a presidente deve
trabalhar 245 dias em 2013. Dividindo seu salário anual – R$ 320.677,56
– pelos dias que dará expediente, Dilma receberá R$ 1.308,88 por dia
trabalhado.
No sentido contrário, os deputados federais trabalharão 114 dias e
receberão R$ 2.812,69 para dia de expediente na Câmara dos Deputados.
Este cálculo considera os mesmos R$ 320.677,56 de salário por ano aos
deputados, que ganham o mesmo montante que a presidente Dilma.
Os deputados chegam a ficar mais de cinco meses sem dar as caras no
trabalho – ao todo, os dias sem ir ao serviço deverão somar 162 dias em
2013. O levantamento do R7 considera que, às segundas-feiras e
sextas-feiras, os deputados não são obrigados a registrar presença na
Câmara. Além disso, leva em conta os feriados nacionais, os dias que são
“emendados” no feriado, pontos facultativos e os recessos parlamentares
(janeiro, julho e dezembro).
Se forem considerados ainda os fins de semana, o tempo de descanso
dos deputados pode chegar 251 dias, mais de oito dos 12 meses do ano.
Sem descanso
Dilma, em uma cálculo semelhante, deve ficar 17 dias sem trabalhar este
ano. A presidente tirou seis dias úteis em janeiro para descansar na
Bahia, folgou na segunda-feira e terça-feira de Carnaval e na
Sexta-feira da Paixão.
Se fizer como nos últimos dois anos de governo, a chefe do Executivo
deve tirar outros dias de descanso apenas em dezembro, entre o Natal e o
Ano Novo. Além disso, deve descansar também nos dias de feriados
nacionais durante a semana. Ela, no entanto, não “emenda” feriados.
Quando um feriado cai na quinta-feira, por exemplo, a presidente costuma
cumprir agenda na sexta-feira. Isso, sem contar quando recebe ministros
nos finais de semana.
No Carnaval, por exemplo, Dilma teve agenda oficial antes e depois do
feriado. Viajou para a Bahia, mas na quarta-feira de Cinzas já estava
de volta e dando expediente. Mesmo com o pé machucado – ela fissurou o
dedão do pé na viagem – a presidente recebeu ministros e o
vice-presidente, Michel Temer, no Palácio da Alvorada (residência
oficial) nos dias seguintes ao feriadão.
Na Semana Santa, a rotina de trabalho se repetiu. Dilma fez duas
viagens na semana do feriado e trabalhou na quinta-feira, véspera, até o
início da noite e teve quatro agendas oficiais no dia.
Os deputados, por sua vez, não realizaram nenhuma sessão deliberativa
entre os dias 8 e 18 de fevereiro. Na quarta-feira de cinzas, o site da
Câmara não tinha nem agenda prevista. Na quinta e sexta pós-feriado,
houve apenas uma sessão de debates, com poucos presentes.
Na Semana Santa não foi muito diferente. O feriado foi na
sexta-feira, mas entre os dias 25 de março e 1º de abril os deputados
fizeram apenas uma sessão deliberativa, na terça-feira (26). Quarta a
sessão foi encerrada e quinta foi um dia sem nem agenda oficial.
Fins de semana
Até nos fins de semana a diferença entre Dilma e os deputados é
evidente. Enquanto o Congresso Nacional só fica aberto aos sábados e
domingos para visitação da população, a presidente já trabalhou em dias
normalmente reservados ao descanso.
Em 2012, Dilma fez várias reuniões setoriais do governo na residência
oficial em um fim de semana. Todos os ministros foram convocados para
discutir cada área estratégica do governo.
Este ano não foi diferente. Em março, chefe do Executivo usou um
sábado para dar posse coletiva aos ministros da Secretaria de Aviação,
Moreira Franco, da Agricultura, Antônio Andrade, e do Trabalho, Manoel
Dias.
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